O ASK — Aequitas Sharing Knowledge é um momento para conexão entre diferentes pessoas, para trocar e compartilhar ideias, histórias e vivências.
Nós acreditamos que sempre há o que aprender afinal, o café é um mundo de formas, jeitos, processos e pessoas diferentes. Dentro de uma xícara existem vários caminhos, muitas mãos e diversos rastros. Em cada região produtora de diferentes países existem determinadas características que lhes são únicas. Entre tantas singularidades nas origens, ao mesmo tempo é o café, essa bebida amada e consumida no mundo inteiro.
Por meio de encontros dentro da iniciativa ASK — Aequitas Sharing Knowledge, nossa intenção é provocar a troca de conhecimento e aprendizados, transformações e entendimento das responsabilidades de cada um, com o intercâmbio de ideias entre pessoas que lidam com realidades bem diferentes na cadeia de valor do café.
Assim, promovemos conversas entre produtores, degustadores, importadores e exportadores (e todos mais que participam desta cadeia de valor) que tendem a expandir a compreensão de todos. Onde podemos nos relacionar diretamente, facilitando o entendimento dos desafios da realidade de quem produz e os desafios dos mercados consumidores, sem romantizar a vida de ninguém, construindo caminhos juntos e relações mais transparentes.
O ASK — Aequitas Sharing Knowledge está em sua quarta edição, dessa vez nós recebemos a Jamie Isetts que trabalha na Square Mile, em Londres, atuando no setor de compra de café verde. Jamie chegou no início de agosto de 2023, data em que o Cerrado se encontra no fim da colheita, com muito café no terreiro secando, e muitos processos pelos quais o café passa até chegar ao armazém acontecem simultaneamente. Quer dizer, momento interessante para conhecer como é o trabalho de alguns dos produtores parceiros da Aequitas.
Primeiro dia - 02/08/2023
Fazenda Estação Experimental
A primeira visita foi à Fazenda Estação Experimental da Coopadap que desenvolve pesquisas em várias culturas, sendo fonte de referência para as recomendações técnicas de seus associados e para a região de São Gotardo e Alto Paranaíba. No caso do café, trabalham em parceria com institutos de pesquisa como Procafé, Epamig e Federação de Cafeicultores do Cerrado, para desenvolvimento e divulgação de recomendações de cultivo e manejo do café.
A fazenda tem campos de variedades distintas para analisar resistência a pestes, doenças e à seca visando redução na aplicação de insumos agrícolas, produtividade, qualidade e uso de diferentes produtos para manejo da lavoura combinado com outros fatores que contribuem e afetam na qualidade e saúde das plantas como o terroir, temperatura, e as condições específicas do microclima da região.
A Jamie foi recepcionada pela equipe da fazenda: Hercules (gerente), Diego (técnico), Ravila (assistente de certificação) e Luciel (pesquisador). Conheceu o campo de variedades e o trabalho realizado pelo Diego e equipe para amostrar as variedades com o objetivo de mapear produtividade e potencial de qualidade de bebida.
Bioma Café
Neste mesmo dia fomos ao Bioma Café. Na vanguarda de práticas de manejo, colheita e processamento das cerejas do café, esse grupo busca sempre o potencial máximo que seus lotes podem expressar. Todos os anos os mapeamentos de qualidade de solo e de bebida são feitos, com o intuito de desenvolver perfis de cafés especiais diferenciados.
Além dos processamentos dos lotes serem muito bem executados pela equipe, com cuidado e dedicação, o manejo dos cafezais consiste em diversas práticas sustentáveis como o uso de composto orgânico em 60% da área total plantada, em toda a fazenda é feito o controle biológico de pragas e são cultivadas plantas de cobertura entre as linhas de café para proteção do solo.
Na Bioma a dedicação ao café é um propósito do produtor Marcelo Nogueira, que partilhou sua história dentro da fazenda e do quão delicado é o trabalho em conjunto com sua equipe e com a natureza. A Karoline Pereira, gestora de pós-colheita da Bioma também compartilhou sobre sua história e como é o desafio de manter a qualidade dos cafés, implementar e manter práticas sustentáveis, junto de geadas, secas, chuva de pedra e outras circunstâncias climáticas que impactam a todos.
Atuar na produção de café é saber andar junto da resiliência, essa que em meio a várias situações desafiadoras nos faz continuar em busca de um equilíbrio para mirar e enxergar um futuro melhor.
Coffee O’Melo
Já de tardinha chegamos no Coffee O’Melo, na propriedade onde concentram todo o processamento de sua produção de café. Cercados por uma estrutura com lavador completo, tanques, tambores e big bags de fermentação e terreiros, foi na porta do escritório que o Edu e a sua mãe Luciana estavam quando chegamos. Edu é um produtor cientista, testa seus lotes, fermenta, lê, planeja, faz levantamento e análises de cada safra. Formado em engenharia ele é o cara que pensa e estimula o processamento em seus diversos níveis para ver como o café reage e o que a bebida pode entregar.
Os mapeamentos têm dados desde 2018, seu intuito é conseguir gerar material de análise suficientes para direcionar cada vez mais a produção de lotes específicos, através da repetição dos próprios testes e aprimoramento de técnicas mais refinadas.
Essa é a forma desenvolvida por ele para conseguir bebidas com sensoriais que sejam cada vez mais intencionais. Todos os lotes que chegam para secar ali nos terreiros passam por alguma técnica de processamento do Edu.
Por aqui chegamos ao final do primeiro dia de visitas de Aequitas Sharing Knowledge. Confira mais detalhes sobre os outros dois dias de ASK no próximo post!
Conteúdo por Priscila Pinho